Rituais, encantamentos, dicas, inspirações, sonhos e muitos pós mágicos para curiosos, pagãos, feiticeiras e magos
Princípio Feminino e a Grande Deusa
A Grande Deusa representa a Energia Universal Geradora, o Útero de Toda Criação. É associada aos mistérios da Lua, da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. É o inconsciente, o lado escuro da mente que deve ser desvendado.
A Lua mostra-nos sempre uma face nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida Eterna. Assim, a Deusa mostra-se com três faces: a Virgem, a Mãe e a Velha Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada à bruxa no imaginário popular.
A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte feminina presente em todos os homens, tantas vezes reprimida pela cultura patriarcal.
A Deusa que é vista como transcendente e imanente é um aspecto essencial de veneração dos pagãos. Ela pode ser adorada como a única Deusa sem nome, ou como quaisquer dos muitos aspectos e nomes pelos quais Ela sempre foi conhecida. Personificada como a Deusa Tríplice, a Grande Mãe, Ísis, Gaia, Bast, Deméter, Cerridwen, Brigid, Oestara, Innana, Ishtar, Shekinah, Diana, Kali, Amateratsu e muitas outras.
Representa a fertilidade, a criação, os poderes regeneradores da natureza e a sabedoria. O Divino feminino também é experimentado nas energias do Universo, nos mistérios da lua, nas bênçãos da Terra e nos nossos próprios corpos que, como a própria Terra, foram criados para serem sagrados.O seu símbolo é a lua e muitas vezes é representada como possuidora de três faces. Na fase de quarto crescente, Ela é a Virgem, na lua cheia é a Mãe e na sua fase minguante Ela é a Anciã. A Deusa é a primeira em toda a terra, o mistério, a mãe que alimenta e dá toda a vida. Ela é o poder da fertilidade e geração; o útero e também a sepultura que recebe, o poder da morte. Tudo vem dela, tudo retorna a ela. Sendo terra, também é vida vegetal. As árvores, as ervas e os grãos que sustentam a vida.
Ela é o corpo e o corpo é sagrado. Útero, seios, barriga, boca, vagina, coração, osso e sangue; nenhuma parte do corpo é impura, nenhum aspecto dos processos vitais é maculado por qualquer conceito de pecado. Nascimento, morte e decadência, são partes igualmente sagradas do ciclo. A honra pelo Divino no seu aspecto feminino, bem como o respeito genuíno pelas mulheres como líderes espirituais, sábias e curandeiras, foi a razão primária para o crescimento rápido do culto da veneração à Deusa nas últimas décadas.
Assim como o Taoísmo primitivo, todas as religiões e cultos ancestrais visualizavam o Universo como uma generosa Mãe. Nada mais natural: não é do ventre das mulheres que todos saímos? De acordo com o mito universal da Criação, tudo teria saído dela, a Deusa. Entre os egípcios, era chamada de Nut, a Noite. "Eu sou o que é, o que será e o que foi." Para os gregos era Gaia - Mãe de tudo, inclusive de Urano, o Céu. Entretanto, ela não era apenas fonte de vida, como também senhora da morte. O culto à Grande Mãe era a religião mais difundida nas sociedades primitivas.
Segundo alguns historiadores, a passagem para o patriarcado desenvolveu-se em várias esferas. Na velha Europa, a sociedade que cultuava a Deusa foi vítima do ataque de poderosos guerreiros orientais - os kurgans. O Cálice foi derrubado pelo poder da Espada. Outro factor decisivo para tal transformação foi o crescimento da população, que levou as sociedades arcaicas à "domesticação da terra". Os homens tinham que dominar a Natureza, para "obrigá-la" a produzir o que queriam. Com a descoberta de que o sémen do homem é que fecunda a mulher (acreditava-se que esta gerasse filhos sozinha), estabeleceu-se o culto ao falo, sendo este difundido pela Europa, Egipto, Grécia e Ásia, atingindo o seu pico na Índia.
Com o advento do monoteísmo e do patriarcado – e a consequente dominação da mulher – o culto ao falo estabeleceu-se em definitivo. "O monoteísmo não é apenas uma religião, é uma relação de poder. A crença numa única divindade cria uma hierarquia - de um Deus acima dos outros, do mais forte sobre o mais fraco, do crente sobre o não crente."